Tendemos comparar-nos com os outros e alimentamos uma sociedade comparativa. Uns melhores e outros piores. Tendemos a não nos satisfazer com a mediocridade. Queremos sempre mais e mais. Colocamos num pedestal os que têm “mais êxito”, os que são mais fortes, mais resistentes, mais competentes, mais bonitos, mais multitaskers, “mais homens”, “mais mulheres”… Queremos que os nossos filhos sigam estes passos e por isso incentivamos a que tenham as melhores notas, que sejam os melhores da turma, que se destaquem, que saibam mais línguas, que sejam mais competentes no desempenho desportivo… E espaço para errar? Não há, pois. Se surgir é para esconder. As desculpas? Evitam-se. Qualquer coisa menos do que perfeito é pouco. Com isto cultivamos uma sociedade de pessoas que nunca se sentem suficientes. Para esconder essa insuficiência e a vergonha das nossas imperfeições, criamos habilmente armaduras e máscaras. E vivemos dentro delas. Aprisionados. Não nos deixando ser vistos tal como somos. E vivemos assim, resignados. Desligados.
É isto que queremos para nós? É isto que queremos para os nossos filhos e para a nossa sociedade?
E se pudéssemos cultivar a satisfação? A sensação de ser suficiente. A sensação de gratidão por aquilo que já somos e que temos. Sairmos da prisão do perfecionismo e cultivar a beleza de sermos tal como somos, imperfeitos. Podermos mostrar-nos sem o medo da rejeição, sem as armaduras e máscaras. Sermos livres de sermos quem e como somos. Sermos vulneráveis.
Se ousássemos seguir este caminho talvez pudéssemos verificar que somos perfeitos na nossa imperfeição, que somos suficientes tal como somos (o que não quer dizer que não possamos procurar explorar ao máximo algo de que gostamos ou que queremos fazer), que não temos de provar nada a ninguém, que o erro é a maior estratégia para o crescimento. Talvez a pressão fosse embora e com isso o stress e dezenas de doenças que daí advêm. Pelo caminho talvez encontrássemos algo que todos procuramos, a felicidade.
Vamos continuar a comparar?