Ensinaste-me a ser autêntico, a pensar por mim, a seguir por caminhos que não magoem a pessoa que sou bem cá no fundinho. Educaste-me para ser fiel e responsável por mim mesma/o e aposto que a tua intenção é a de que um dia me possa sentir segura/o e contente, comigo e lá fora no mundo. Não me esqueço e agradeço-te por isso (só que não faz muito parte desta fase da minha vida dizer-te isto muitas vezes - precisamente porque estou a cres-Ser e preciso de espaço).
Mas ainda estou a descobrir um pouco de tudo e, sobretudo, estou a conhecer-me a mim - é esse o meu estado por estes anos. Agora gosto de coisas de que não gostava dantes, sinto coisas que não sentia, cada dia trás um novo desafio: na relação contigo, com os meus amigos, com os professores, com a pessoa de quem gosto e… comigo mesmo! Estou sempre a descobrir coisas novas, a avaliar o que posso e não posso fazer, a perceber que pessoas quero ao meu lado, a encontrar o que (me) entusiasma e faz sentido, a desenvolver os meus pontos fortes, a começar a gerir a minha vida. No fundo, é tudo uma novidade e eu não tenho muito prática a escolher. Até muito recentemente essa tarefa cabia-te a ti :) Eu era pequenina/o e contava contigo para seres a minha bússola.
Entretanto, como também já te deves ter apercebido, comecei a ter um papel mais ativo e a minha bússola nem sempre aponta os mesmos Nortes do que a tua. Não é que eu já saiba exatamente para que Norte aponta… Às vezes é um bocadinho difícil navegar por estes mares sem direção certa. Sei que te custa também, porque por vezes me vês a dar cabeçadas, mas preciso desse espaço e desse tempo para descobrir porque valores quero guiar a minha vida. Claro, dentro dos limites que tu estabeleces e, às vezes, dentro dos limites que estabelecemos juntos - podemos falar os dois sobre isto?
Em todo o caso já há muitas coisas que eu noto que me cativam e enquanto vou crescendo vou treinando a minha capacidade de tomar decisões com base nesses valores - acredita! O tempo e o espaço, a confiança de que vou dar o meu melhor e, por isso, há esta liberdade que dentro dos limites o que faço é comigo, são tão fixes porque me dão esta oportunidade de escolher, de lidar com as consequências e de acertar porque Nortes quero ir.